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História da Primeira Motocicleta

  • Danilo Cheid
  • 18 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

Mais ou menos um século atrás as motocicletas já existiam, mas eram mais bicicletas com motor do que motos como pensamos hoje. Antes disso ainda, mais precisamente em 1885, surgiu a primeira motocicleta, a Daimler Reitwagen("vagão de dirigir") ou Einspur ("pequeno caminho"). Criada por Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach, homens que no futuro criariam a Mercedes-Benz e a Maybach(subsidiária de luxo pertencente à Mercedes que agora produz variações de modelos da marca de três estrelas), ela era um veículo de duas rodas principais grandes, mas com duas rodas menores auxiliares nas laterais para manter equilíbrio, com corpo feito principalmente de madeira e banco recoberto com couro.

Sua relevância para o mundo das motos, é que foi a primeira moto a usar um motor de combustão interna, o motor como usamos majoritariamente hoje. Na época já existiam veículos movidos a vapor ou elétricos; e o motor de combustão interna já tinha sido criado alguns anos antes por Enrico Bernardi, mas que só foi instalado num triciclo em 1894, garantindo o título de primeira moto com motor de combustão interna para a Reitwagen.

Existem várias controvérsias a respeito dessa ser a primeira moto já feita, por uma série de razões. Primeiramente, já existiam antes dela máquinas com configuração parecida, mas que usavam motores a vapor. Depois, que essa máquina tinha não duas rodas, mas quatro, sendo que duas eram auxiliares, o que para muitos faz com que ela não fosse considerada uma moto. Esses dois fatos geram o debate se a Reitwagen ser ou não realmente uma motocicleta.

Você pode estar se perguntando do por quê essa Daimler ter essas duas rodas auxiliares se ela é uma motocicleta. A moto não tem a estrutura das motos atuais, com posição de pilotagem como estas. Seu banco era alto e largo, então o piloto não consegue colocar os pés no chão e vai montado nela igual se monta num cavalo, daí a necessidade de rodas menores para manter a moto equilibrada.

O propósito da dupla ao criar a Reitwagon, era eventualmente criar um carro propriamente dito, com motor a combustão interna. Daimler fundou uma oficina numa barraca atrás de sua casa, em Stuttgart, para testar experimentos e desenvolver projetos. Junto de seu funcionário na época, Maybach, eles desenvolveram um motor compacto de apenas um cilindro chamado de “grandfather clock engine”(em tradução livre “motor do relógio do avô”). Ao invés dum sistema elétrico para ligá-lo e mantê-lo funcionando, o motor usava um sistema feito por um tubo de metal que estava conectado da câmara de combustão desde uma chama que ficava fora do motor.

Criado o motor, a dupla o colocou numa mula de teste para entender o que a pequena usina de força conseguia fazer e foi observado que o protótipo ainda não era forte o suficiente para mover um veículo de grande porte. O protótipo sofreu algumas modificações até chegar no design final, como uma mudança na forma de usar a manopla.

O modelo final do motor tinha 264 centímetros cúbicos, ou seja, pouco mais de ¼ de um motor comum da maioria dos carros do Brasil, em um único cilindro(como a maioria das motos no Brasil), que era montado no quadro preso em blocos de borracha e era conectado às rodas, que eram feitas de madeira com um aro externo de ferro. A potência era de 0.5 cavalos à 600 RPM(para comparação, as motos mais comuns do Brasil tem uma média em torno de 10 cavalos, usando motores com metade da cilindrada do Reitwagen) – isso era o suficiente para levar o veículo até a velocidade máxima de 11 quilômetros por hora.

A primeira pessoa a testar o veículo foi Paul, filho de Daimler, que o pilotou em 18 de Novembro de 1885, de Cannstatt até Unterturkheim, em Stuttgart, uma distância que atualmente é de aproximadamente 6 Quilômetros. No percurso, o banco pegou fogo, por ficar logo em cima do sistema de ignição que usava o tubo quente.

A transmissão, ou seja, o sistema que leva a potência do motor para as rodas, originalmente era feita por uma única correia; foi poucos meses depois melhorada e substituída por um sistema mais complexo com duas velocidades que usava uma correia para a primeira marcha e uma engrenagem para a segunda.

Em 1886, a Reitwagen já tinha cumprido seu propósito, portanto foi abandonada para que a dupla seguisse desenvolvendo veículos de quatro rodas.

Infelizmente, o modelo original foi destruído num grande incêndio que ocorreu na planta da fábrica da Daimler em 1903. No entanto, várias réplicas foram feitas para preservar a história duma peça tão importante para a indústria automotiva e motociclística. Elas se encontram: na Coleção do Museu da Mercedes-Benz em Stuttgart; No Museu Alemão em Munique(Deutsche Museum); No Hall da Coleção da Honda na fábrica de Twin Ring Montegi, no Japão; no AMA Motorcycle Hall of Fame em Ohio; e em Melbourne, Australia. As réplicas variam um pouco entre elas.

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© 2017 por Danilo Cheid

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